quinta-feira, 29 de abril de 2010

sommelier procura secretária.

Eu sei que tenho que manter o blog atualizado, se não ele morre e entra no esquecimento, e então eu nem deveria ter feito isso. E eu sei que não posso tomar a quarta tequila, e dirigir se não posso confundir a luz do carro da policia, com o luminoso do macdonal's e acabar pedindo um cheddar pra autoridade, mas sempre deixamos de fazer alguma coisa  que devíamos e fazemos algo que não, e realmente tenho outras coisas à fazer ao invés de ficar aqui na frente do computador.
Prometo que assim que o orçamento permitir, vou contratar uma secretária e ela atualiza o blog, enquanto eu estou ocupado indo buscar sanduíches.

Eu também costumo todos os dias exercer o trabalho de sommelier no restaurante que ficou mto famoso por causa de um acidente de transito. Uma das minhas obrigações de trabalho, é experimentar uma média de 12 vinhos diferentes por noite. Com o tempo isso torna-se meio mecânico, e algumas garrafas eu até sirvo sem provar, por que estou enjoado de tal vinho, ou simplesmente por que ele é ruim, e raras excessões, abro algo que realmente ache interessante, e então preste toda a atenção na hora de degustá-lo.
Como bebedor de vinhos, é muito legal tomar um vinho que combine com a comida, ou um que divide com os amigos e todos trocam suas impressões, ou aquele que envolve seus sentidos, aquece seu coração e acalma sua mente.
Como sommelier, eu faço isso, memorizando cada informação técnica do vinho, para saber distingui-los entre si, e assim adquirir experiência. Mas informações técnicas, me lembram trabalho, então se não estiver bebendo o vinho como um trabalho, não há necessidade de preocupar-se com ele (só se for ruim!), e apenas apreciar o prazer do momento.

(foto: Essa é "minha" adega, ela tem 800 e tantas garrafas, sendo uns 300 rótulos.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

o que resta no fim da garrafa.

Eu tinha que começar de algum lugar, e tinha muitas lembranças e gostos, que ficavam voando na minha cabeça, sem eu conseguir pegar nada. A idéia pronta, e os dedos à postos no teclado, a música mais legal que eu tenho no ouvido, e horas perdidas sem resolver nada.
Que óbvio, vou abrir um vinho!
O Marqués de Tomares Crianza 2005, veio da adega do Edvino, porque ele ia sair da carta, e peguei a preço de custo. Antes disso ele veio da importadora Porto a Porto, que tem um portfólio muito legal, e trabalha muito bem. Ainda antes, ele veio da Espanha, da região da Rioja, que é uma das mais tradicionais, junto com a Ribeira Del Duero e do Priorato. É um dos rótulos produzidos pela Unión de Viticultores Riojanos, que faz além da linha Marqués de Tomares, o Don Román, que é bem conhecida por aqui pelos seus espumantes Cava.
Mas falando do vinho, ele é Crianza, o que significa pela Denominación de Origen Calificada de Rioja, que determina como os vinhos são feitos lá, que ele fica 1 ano em barricas, no caso dele, de carvalho americano, depois no mínimo 14 meses na garrafa descansando antes de ser rotulado e vendido, o que diabos isso significa? Que o vinho tem estrutura suficiente, que se torna necessário “amaciar” por um tempo antes de vendê-lo, que significa que é um vinho bem feito, com complexidade e estrutura para durar algum tempo na adega.
Não falei do vinho ainda, bom, visualmente ele tem uma característica de idade na cor, que é rubi, com reflexos de tijolo. O aroma é bem intenso, elegante, e me lembrou fumaça, caramelo, couro, frutas muito maduras. Na boca percebe-se a madeira macia e doce, a acidez bem equilibrada.
É um vinho encorpado e macio, todos os aspectos unem-se perfeitamente em equilíbrio, o que o torna irresistível, e te leva até o fundo da garrafa, como uma mulher bonita.